quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sem Fim

entraram no restaurante
ele queria sentar na rua
ela não queria sereno
pediram dois chops
os dois com colarinho
a música estava alta, quase não se ouviam
mas também quase nem falavam
ela foi ao banheiro
ele olhou no relógio
ela voltou, sentou

ele: Amanhã vence o condomínio.
ela: Pois é.
longa pausa

ela: Esse final de semana vou no congresso de psicanálise.
ele: Pois é.
ela: Ainda não consegui passagem de volta.
ele: A escolha é tua.
ela:Tua gentileza é gritante.
ele:Acho que tu esqueceu da tua.
ela: É reflexo.
ele: Tu tem sempre uma boa explicação.
ela:Pois é, as tuas explicações nunca fecham.

Começou a chover, (ahhh eles tinham sentado na rua)
Ela levantou e pagou a conta.
Foram embora.

Um comentário:

Livre expressão disse...

"(...)E saíram sem se despedir.
Ela arrependida demais.
Ele a amando nada menos.
Por tão pouco.
Não olharam para trás."

(o final de um conto meu, parecido com o teu).

Ai, os clichês da vida... Nada fáceis.